Brejinhos
6 de agosto de 2013
Entrevista com o diretor da Telexfree…
“Não quero sensibilizar ninguém. Quero mostrar o que é a nossa empresa”
O diretor e sócio da Telexfree, Carlos Costa, concedeu ao repórter Giovanni Sandes, na última quinta-feira, a entrevista que segue na íntegra a seguir. A conversa tratou de temas controversos envolvendo a empresa, como o suposto envolvimento nos negócios da companhia de Sanderley Rodrigues, que seria um “construtor de pirâmides financeiras”, segundo o Ministério Público do Acre. Toda a polêmica envolvendo a Telexfree é justaemnte porque embora a empresa se apresente como operadora de telefonia VoIP – de ligações feitas pela internet -, ela é investigada por vários órgãos estaduais e federais, além de responder a um processo no Tribunal de Justiça do Acre, acusada de ser uma pirâmide financeira, pelos altos lucros que distribui e por supostamente o dinheiro vir basicamente da entrada de novas pessoas na rede. A Telexfree atingiu quase 1 milhão de divulgadores, um exército que, apesar da companhia estar com atividades suspensas e contas bloqueadas há mais de um mês, segue apoiando a empresa.
JORNAL DO COMMERCIO – O que você acha que está na origem de toda a polêmica envolvendo a Telexfree? Muito se fala da falta de regulamentação do marketing multinível no Brasil. Outros divulgadores falam que o rápido crescimento teria despertado a atenção de empresas concorrentes. O que está no começo dessa situação?
CARLOS COSTA – Para mim, é tudo o que você falou junto. A falta de regulamentação, é fundamental isso aí, o Brasil não está preparado para essa revolução que é o marketing multinível. Não só no Brasil, mas no mundo inteiro, porque nós trabalhamos em outros países de forma normal, de forma legalizada. Aqui dentro do Brasil, por conta falta de alguma legislação específica para o marketing multinível… Mas independente disso, a empresa, a Ympactus, que é uma razão social que nós abrimos justamente para trazer segurança aos divulgadores do Brasil, entendeu? Então, essa empresa, a Ympactus, cumpre com toda a legislação do País. Você hoje, se pesquisar, vai pegar todas as certidões negativas em todas as esferas de governo, municipal, estadual, federal. Creio que realmente essa falta de legislação e aí eu não sei, nesse momento, algumas empresas podem ter colaborado com tudo isso…
JC – Como existem muitas investigações em curso, no momento, você acha que isso está provocando uma confusão entre empresas regulares e irregulares de marketing multinível?
CARLOS COSTA – É o que eu falo, separar o joio do trigo. É isso aí. Realmente, tem algumas empresas que são irregulares, como tem bons médicos, maus médicos, bons jornalistas, péssimos jornalistas. Então, dentro desse mercado também tem empresas sérias e empresas que não são tão sérias assim. E a Ympactus, que é a Telexfree, se enquadra como empresa séria, até porque, vamos botar assim, os números comprovam. O que estão hoje nos acusando, dizendo que tem indícios de pirâmide financeira, o que comprova isso aí são números.
JC – O senhor está falando de números, então gostaria que o senhor citasse alguns. Existe uma certa divergência a respeito de alguns números, quantos divulgadores a empresa já alcançou, quanto ela já distribuiu em lucros…
CARLOS COSTA – Vamos lá. Divulgadores no Brasil, cadastrados, nós já chegamos à marca de quase 1 milhão. Mas isso envolve aí os familiares, então de pessoas nessa situação nós temos quase 3 a 4 milhões. São familiares, esposas, filhos, que estavam trabalhando normalmente e tiveram a atividade interrompida de forma arbitrária, do meu ponto de vista. Para você ter uma ideia, ela paralisou uma empresa, praticamente destituindo uma pessoa jurídica, com o poder de uma liminar. No nosso ponto de vista é um verdadeiro absurdo.
JC – A empresa ofereceu uma garantia para voltar a operar…
CARLOS COSTA – (interrompendo) Um pouco mais de R$ 659 milhões, o valor hoje de nossa marca, levantado por uma empresa especializada no assunto.
JC – Mas isso representa quanto se a gente comparar a quanto a empresa distribuiu em participação dos divulgadores este ano? Você pode revelar esse número?
CARLOS COSTA – Eu poderia revelar se tivesse ele para você. Mas eu tenho o seguinte. Nós fomos paralisados em junho. De janeiro a maio, nós repassamos aos cofres públicos mais de R$ 130 milhões somente do Imposto de Renda retido na fonte do que o divulgador ganha. Isso é outro ponto de que ninguém fala, em lugar nenhum. Estou falando R$ 130 milhões, não R$ 130 mil.
JC – Quanto à questão do registro de microempresa, essa opção teve alguma relevância para o modelo de negócio?
CARLOS COSTA – Foi bom você ter perguntado. Toda empresa, não sei se você já teve alguma, no início, quando a pessoa não tem aquela certeza se vai dar certo ou errado, até porque segundo dados do Sebrae 90 e poucos por cento das empresas quebram com dois anos. E a maioria delas é aberta como microempresa, assim como não foi diferente com a Ympactus. Porém, te atualizando, de repente você não tem essa informação, a Ympactus hoje já é uma S.A. Ela não é mais microempresa. Ela foi microempresa, Ltda., e hoje ela é uma S.A. – e outra coisa, S.A. de capital fechado, não estamos vendendo ações, nem outra coisa.
JC – Desde quando ela é S.A.?
CARLOS COSTA – Desde, se não me engano… Foi agora, há pouco tempo, há duas semanas. Já foi feita a alteração contratual transformando a empresa em uma S.A., porque hoje o porte que ela tem e deveria ser respeitado. Inclusive, já faz parte do planejamento nosso enquanto S.A. abrir filiais em todo o Brasil. Isso vai acontecer assim que tudo se resolver, vamos estar abrindo filiais pelo Brasil afora, tá bom?
JC – Outra questão foi um assunto levantado pelo Ministério Público do Acre sobre um suposto sócio da Telexfree, uma pessoa chamada Sanderley Rodrigues, que abriu empresas que passaram por problemas semelhantes ao enfrentado pela Telexfree…
CARLOS COSTA – Veja bem, como você citou o Ministério Público do Acre, então vamos lá. Você está me passando que viu esse nome vinculado lá, o Ministério Público do Acre colocou como seriam lá os indícios deles. Para você ver o quanto eles estão enganados não só no assunto do consumidor ou empreendedor, o cidadão que você me falou, Sanderley, ele simplesmente é na nossa empresa nos Estados Unidos, não no Brasil, um divulgador como qualquer outro, outra pessoa. Afinal de contas, nos nossos documentos estão na Junta Comercial, em tudo o que é lugar, estão mais do que definidos. Não tem isso. É mais um equívoco do Ministério Público do Acre.
JC – Ele não teve participação na constituição da empresa…?
CARLOS COSTA – Nenhuma, nenhuma, nenhuma…
JC – E quanto à questão de ser divulgador, ser investidor, ser consumidor?
CARLOS COSTA – É muito simples. Hoje, o divulgador é um empreendedor. Ninguém vai comprar contas VoIP no atacado para uso. Eles compram para revender o nosso serviço e ganhar dinheiro. E assim como outras empresas do marketing multinível, vamos supor como Herbalife, Forever, eles têm a condição de vender o produto no varejo ou vender no atacado. E é isso que nós fazemos. Não tem diferença nenhuma dessas outras empresas.
JC – Qual a base de usuários do serviço da Telexfree, da telefonia VoIP?
CARLOS COSTA – Hoje praticamente todos eles usam o serviço. Então seria bem mais de 1 milhão usando os nossos serviços, que é uma outra curiosidade minha. A liminar está falando de pirâmide financeira. Ela poderia muito bem bloquear o que ela fez, bloquear a entrada de novas pessoas, no nosso caso que nós chamamos de divulgador, que são os empreendedores, mas por que paralisar o serviço? Alguém me explica isso? Por que paralisar o serviço? A gente recebe e-mails. Tem pessoas que estão querendo usar e não têm o serviço. E aí tem que correr para onde? Para a concorrência, pagando muito mais caro.
JC – Além de toda a situação, houve exagero em uma coisa básica, a prestação de serviço?
CARLOS COSTA – Eu que faço essa pergunta. Se a acusação é sobre um item, por que paralisar outro que não tem nada a ver. Hoje a empresa está totalmente paralisada. Eu não posso comercializar o nosso serviço. E nós temos os usuários do nosso serviço.
JC – Eu vi informações sobre a operação da empresa fora do Brasil…
CARLOS COSTA – (interrompendo) Estou concedendo uma entrevista para você no Brasil, sobre o caso do Brasil. Não estamos falando sobre o caso dos Estados Unidos, entendeu? Nos EUA e em outros países, ela está operando normalmente. Inclusive, no último sábado nós tivemos uma grande convenção na Califórnia, onde recebemos pessoas de diversas partes do mundo, da América Latina, da Europa, da África.
JC – Surgiu uma informação de que a sede da Telexfree, nos Estados Unidos, tem apenas um escritório virtual, na sala de uma empresa chamada Regus. Esse escritório é alugado, é virtual, é uma sede fixa?
CARLOS COSTA – Veja bem… Pelos Estados Unidos, nós operamos praticamente todo o mundo. A Regus é uma empresa que fornece esse suporte para que a gente possa ter presença, né, em vários países, entendeu? Nos Estados Unidos, como sempre tivemos a nossa plataforma VoIP… O marketing multinível foi lançado no Brasil. Eu lancei o marketing multinível no Brasil em fevereiro de 2012. Então, todo esse crescimento que está ocorrendo em virtude do marketing, está saindo do Brasil para os Estados Unidos. E aqui hoje no Brasil nós temos uma sede comprada, própria, com aproximadamente 690 metros quadrados e o nosso projeto já é estar adquirindo mais uma nos Estados Unidos e outras em outros países também.
JC – Então, apesar da origem internacional, a base do crescimento, como o senhor acabou de dizer, é brasileira?
CARLOS COSTA – (interrompendo)… Do marketing, não da tecnologia VoIP. Nos Estados Unidos, nós lançamos o marketing nós lançamos o marketing em outubro ou novembro de 2012. Do marketing, entendeu? A forma de comercialização.
JC – O que o senhor espera da iniciativa do deputado Sílvio Costa de levar essa discussão para a Câmara dos Deputados? O senhor espera sensibilizar o Judiciário…?
JC – E quanto à questão de ser divulgador, ser investidor, ser consumidor?
CARLOS COSTA – (interrompendo)… Eu não quero sensibilizar ninguém. Estou indo participar a convite do deputado para poder mostrar o que é a nossa empresa. Então, quanto mais a gente puder, em dados sérios, mostrar o que é a empresa e a diferença do que é um empreendedor para consumidor… O Ministério Público está envolvido nisso, querendo mostrar todo mundo como consumidor, o que não é a realidade. Então, se está havendo algum equívoco, eu quero participar o máximo que eu puder para colaborar na explicação de tudo. Por isso eu aceitei e acho não, tenho certeza de que a iniciativa do deputado Sílvio Costa vai nos ajudar muito, vai nos ajudar demais.
JC – Independente do resultado no Brasil, a empresa no resto do mundo vai continuar operando normalmente?
CARLOS COSTA – O resultado no Brasil só tem um: é a verdade. Não tem como provar que uma coisa é o que ela não é. Essa prova vem da matemática e a matemática é uma ciência exata.
JC – Muitos divulgadores devem ler esta entrevista, estão apreensivos com a situação, o que o senhor tem a dizer para eles?
CARLOS COSTA – O que eu tenho a falar é isto: a empresa está trabalhando, realmente respeitando seus divulgadores, que são pessoas que colaboraram para o crescimento da empresa no Brasil revendendo nossos produtos, fazendo a propaganda dos nossos serviços. A filosofia da empresa, como a gente sempre fala, é sempre ter o nosso divulgador na frente. E nós vamos aqui lutar com unhas e dentes sempre, lá dentro da Justiça, respeitando as normas. De qualquer forma ainda há, entre aspas, “ignorância” sobre o assunto. Porque hoje pela velocidade da internet, as coisas acontecem… Em outro país, eu te garanto que a Telexfree não teria o tratamento que está tendo, nem a minha pessoa. De repente poderiam falar que era o “homem do sucesso do ano”, entendeu? Mas no Brasil, pela falta de conhecimento e por ter afetado, não sei, algum setor, está acontecedo isso tudo que está acontecendo conosco. Mas nós confiamos na Justiça. Não querendo ser repetitivo, mas já sendo, isso tudo é na matemática. E matemática é ciência exata, meu amigo.
JC – E a Telexfree, além das filiais que o senhor mencionou, ainda pretende lançar mais produtos?
CARLOS COSTA – Isso. É o Telexcommerce, que vai ser o maior intermediador de negócios que esse Brasil já viu, se Deus quiser.
Jornal do Commercio
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